9 de julho de 2014

O Calor de maio

O mês de maio foi o mais quente no planeta desde que se começaram a registrar temperaturas, em 1880, divulgou hoje (23) a agência norte-americana responsável pelos oceanos e pela atmosfera.
A temperatura média do planeta chegou a 15,54 graus centígrados, 0,74 grau acima da média do século 20, de acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). O recorde anterior tinha sido estabelecido em 2010.
"A maior parte do mundo teve temperaturas mais quentes que a média mensal, com temperaturas altas recorde no leste do Cazaquistão, em partes da Indonésia, e no centro e noroeste da Austrália", comunicou a NOAA.
A temperatura dos meses de maio dos últimos 39 anos tem sido superior à média de todo o século 20. Abril também é um mês historicamente quente por todo o globo, e a temperatura média registrada igualou os valores de 2010, os mais altos desde 1880, divulgou a NOAA.
O aumento da temperatura é consequência do aquecimento global. A última vez que as temperaturas de maio ficaram abaixo da média do século 20 foi em 1976, de acordo com a agência norte-americana.
Segundo prognósticos da NOAA, há 70% de probabilidades de que a corrente quente do Pacífico El Niño volte a aparecer este verão no hemisfério norte e 80% de possibilidades de que surja durante o outono e inverno próximos, o que poderia ter um impacto importante nas temperaturas e nas precipitações em todo o mundo.

8 de fevereiro de 2014

Fukushima - O desastre continua



Qual é o nível de contaminação radioativa que podemos encontrar nos alimentos consumidos pelos japoneses depois das fugas da usina nuclear de Fukushima 1? Mais que suficiente. Um peixe apanhado perto da usina apresentava níveis de césio radioativo 124 vezes superior ao permitido.

A audiência ainda não tinha digerido a impressão provocada pelo “mutante de Fukushima”, como ela já foi batizada, já o jornal Asahi oferece um novo monstrinho sob a forma de um perigoso prato típico nacional – uma choupa (Spondyliosoma cantharus). Afinal o nível da contaminação da choupa era simplesmente monstruoso. Também é verdade que o Asahi ressalva que apenas um dos 37 peixes capturados apresentava esse nível. Outros dois peixes desse grupo apresentavam 4 e 2 vezes mais contaminação, os restantes tinham níveis normais. As amostras foram recolhidas pela Agência de Investigação das Pescas no delta de um rio a 40 km para sul da malograda usina. Isso faz parte de estudos mais vastos que irão verificar os níveis de contaminantes perigosos na cadeia alimentar humana provenientes de Fukushima.
Os poluentes radioativos existentes nos produtos alimentares se acumulam no organismo humano e provocam doenças que o matam lentamente. Entretanto, a usina de Fukushima tem fugas de água radioativa para o mar. Primeiro a radiação satura o primeiro elo da cadeia alimentar – os organismos marinhos unicelulares e as plantas. O vice-presidente do comitê de recursos naturais e ambiente da Duma de Estado Maxim Shingarkin afirma:
“De uma dezena de células de alga é sintetizada, falando de uma forma esquemática, uma célula de molusco. Uma dezena de células de molusco, que tenham acumulado radioatividade a partir de algas, dão origem a uma célula de peixe. O homem consome o peixe, ou seja, consome a radioatividade concentrada em toneladas de água. Portanto, ao avançarmos na cadeia alimentar a concentração de contaminantes aumenta.”
A pesca e a comercialização da choupa junto à costa das províncias de Fukushima e de Miyagi são proibidas. Mas o sistema alimentar japonês não pode ser alterado por uma assinatura. Eles querem comer o seu peixe favorito que consomem há séculos. As notícias, como o artigo do jornal Asahi, ajudam as autoridades a alertar o povo. Os apelos e proibições não irão ajudar muito, continua o perito:
“As autoridades do país têm de recorrer aos métodos mais refinados para alterar os hábitos dos seus concidadãos, ao mesmo tempo evitando uma explosão social. Por isso este tipo de publicações são apenas um mecanismo normal para governar uma nação que se encontra à beira de uma catástrofe radioativa.”
Se esses números foram publicados, isso quer dizer que é apenas a ponta do iceberg. O mais provável é Tóquio ter apresentado números mais baixos que os reais ao longo dos três anos que decorreram depois de Fukushima. A realidade é bastante pior, supõe o conselheiro da Academia das Ciências da Rússia, ambientalista e professor universitário Alexei Yablokov:
“A questão é: por que é que apenas um peixe em quarenta apresenta essa quantidade enorme de radionuclídeos? Como nós não conhecemos as vias de difusão dessas substâncias, podemos supor que existem muitos peixes com um nível muito perigoso de contaminação. Isso representa um problema e a fonte da contaminação ainda não foi detectada.”
Se prosseguirmos na mesma lógica, teremos um quadro muito negativo das consequências de Fukushima. Dentro de alguns anos, uma parte considerável do pescado japonês estará contaminada pela radiação. O Oceano Pacífico será percorrido por baleias radioativas que se encontram no topo da pirâmide alimentar marinha. Já na nova década deveremos esperar um surto de doenças oncológicas entre os japoneses.
Os peritos brincam que aquela choupa contaminada, que foi noticiada pelo Asahi, pode ser comida uma vez. Isso não seria mortal para o ser humano. O principal é não consumir esse peixe de forma continuada.

fonte http://portuguese.ruvr.ru/2014_01_16/Japoneses-amea-ados-por-carpa-perigosa-6153/

10 de dezembro de 2013

Conferência mundial do clima termina com acordo fraco

Após estourar em um dia o prazo de encerramento, a 19ª conferência mundial do clima da ONU, em Varsóvia, terminou neste sábado com os ânimos exaltados.
A expectativa para a reunião era a definição de alguns pontos do futuro acordo internacional com metas de redução de emissões de gases-estufa, a ser assinado em 2015, na conferência do clima que será realizada em Paris.
O texto aprovado, criticado por ambientalistas por falta de ambição, tem informações básicas sobre os passos seguintes até o novo acordo mundial do clima, que deve começar a valer em 2020, em substituição ao Protocolo de Kyoto.
Kacper Pempel/Reuters
O presidente da COP-19, Marcin Korolec (no centro), cercado por secretários e assistentes no último dia da conferência do clima
O presidente da COP-19, Marcin Korolec (no centro), cercado por secretários e assistentes no último dia da conferência do clima
Um dos pontos mais significativos do texto de Varsóvia foi a menção, ainda que vaga, de uma data para a apresentação de "contribuições" para redução de emissões de gases-estufa. O documento estabelece que os países que "estiverem prontos" devem apresentar contribuições no primeiro trimestre de 2015.
O que é exatamente "estar pronto"? O texto não diz.
E o uso da palavra "contribuição" em vez de "compromisso" --troca feita após um impasse entre países ricos e em desenvolvimento-- dá margem para que se continue com a divisão de responsabilidades entre as nações, como acontece no acordo atual.
Para muitas nações em desenvolvimento, a responsabilidade pela redução de emissões deveria recair mais sobre nações ricas, levando em conta o histórico de poluição.
Os 195 países participantes concordaram também com a criação de um mecanismo para ajudar as nações mais pobres a lidarem com perdas e danos causados pelo aquecimento global.
"Avançamos em pontos importantes. O fato de termos um acerto para esses momentos que vão anteceder 2015 [a assinatura do novo acordo] é muito bom", avaliou o negociador-chefe do Brasil, José Marcondes de Carvalho.
BRASIL
A definição de regras para o financiamento da preservação de florestas, acertado na sexta-feira, foi considerada uma vitória para o Brasil. O país é um dos potenciais grandes beneficiados do acordo --só em uma negociação bilateral com a Noruega, o Brasil já tem US$ 1 bilhão acertado.
A grande proposta brasileira --que foi adotada pelos principais países em desenvolvimento (G77) e pela China--, de criação de uma metodologia para avaliar a responsabilidade de cada país para o aquecimento global, foi barrada pelas nações ricas mas, segundo os negociadores, tem chances de ressuscitar em debates futuros.
POLÊMICAS
As duas semanas de conferência tiveram protestos e surpresas. A dois dias do fim da COP, ONGs ambientalistas se retiraram do evento em protesto contra insuficiência de esforços nas negociações, em uma saída em massa sem precedentes desde que os encontros internacionais começaram, há 19 anos.
Houve ainda a greve de fome do negociador-chefe das Filipinas, para pressionar por ações concretas para ajudar os países mais atingidos pelo aquecimento global, e a demissão do presidente da COP do cargo de ministro do Meio Ambiente da Polônia.
Durante a segunda semana de conferência do clima, Varsóvia sediou também um congresso da indústria do carvão, alvo de mais protestos dos ambientalistas.