10 de dezembro de 2013

Conferência mundial do clima termina com acordo fraco

Após estourar em um dia o prazo de encerramento, a 19ª conferência mundial do clima da ONU, em Varsóvia, terminou neste sábado com os ânimos exaltados.
A expectativa para a reunião era a definição de alguns pontos do futuro acordo internacional com metas de redução de emissões de gases-estufa, a ser assinado em 2015, na conferência do clima que será realizada em Paris.
O texto aprovado, criticado por ambientalistas por falta de ambição, tem informações básicas sobre os passos seguintes até o novo acordo mundial do clima, que deve começar a valer em 2020, em substituição ao Protocolo de Kyoto.
Kacper Pempel/Reuters
O presidente da COP-19, Marcin Korolec (no centro), cercado por secretários e assistentes no último dia da conferência do clima
O presidente da COP-19, Marcin Korolec (no centro), cercado por secretários e assistentes no último dia da conferência do clima
Um dos pontos mais significativos do texto de Varsóvia foi a menção, ainda que vaga, de uma data para a apresentação de "contribuições" para redução de emissões de gases-estufa. O documento estabelece que os países que "estiverem prontos" devem apresentar contribuições no primeiro trimestre de 2015.
O que é exatamente "estar pronto"? O texto não diz.
E o uso da palavra "contribuição" em vez de "compromisso" --troca feita após um impasse entre países ricos e em desenvolvimento-- dá margem para que se continue com a divisão de responsabilidades entre as nações, como acontece no acordo atual.
Para muitas nações em desenvolvimento, a responsabilidade pela redução de emissões deveria recair mais sobre nações ricas, levando em conta o histórico de poluição.
Os 195 países participantes concordaram também com a criação de um mecanismo para ajudar as nações mais pobres a lidarem com perdas e danos causados pelo aquecimento global.
"Avançamos em pontos importantes. O fato de termos um acerto para esses momentos que vão anteceder 2015 [a assinatura do novo acordo] é muito bom", avaliou o negociador-chefe do Brasil, José Marcondes de Carvalho.
BRASIL
A definição de regras para o financiamento da preservação de florestas, acertado na sexta-feira, foi considerada uma vitória para o Brasil. O país é um dos potenciais grandes beneficiados do acordo --só em uma negociação bilateral com a Noruega, o Brasil já tem US$ 1 bilhão acertado.
A grande proposta brasileira --que foi adotada pelos principais países em desenvolvimento (G77) e pela China--, de criação de uma metodologia para avaliar a responsabilidade de cada país para o aquecimento global, foi barrada pelas nações ricas mas, segundo os negociadores, tem chances de ressuscitar em debates futuros.
POLÊMICAS
As duas semanas de conferência tiveram protestos e surpresas. A dois dias do fim da COP, ONGs ambientalistas se retiraram do evento em protesto contra insuficiência de esforços nas negociações, em uma saída em massa sem precedentes desde que os encontros internacionais começaram, há 19 anos.
Houve ainda a greve de fome do negociador-chefe das Filipinas, para pressionar por ações concretas para ajudar os países mais atingidos pelo aquecimento global, e a demissão do presidente da COP do cargo de ministro do Meio Ambiente da Polônia.
Durante a segunda semana de conferência do clima, Varsóvia sediou também um congresso da indústria do carvão, alvo de mais protestos dos ambientalistas.

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